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06/06/2025Alta de alimentos e remédios pressionaram custo de vida na RMSP em abril, que subiu 0,43%
Mesmo com desaceleração da inflação no mês, custo de vida subiu 0,43%; nos últimos 12 meses, elevação já passa de 6%

Com o reajuste anual dos remédios e a inflação persistente da comida, o custo de viver na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) subiu 0,43%, em abril [tabela 1], dizem os dados da pesquisa Custo de Vida por Classe Social (CVCS), produzida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base nas informações do IBGE. Ainda que represente uma desaceleração em comparação com o mês de março, os números apontam para uma pressão significativa sobre as famílias, já que, em 12 meses, a alta do custo de vida já bate na casa dos 6,13%.
Pela estimativa da Entidade, o acumulado de 12 meses vai ficar acima de 5% até o fim do ano. Isso acontece porque o índice ainda carregará o aumento mais forte dos preços vistos no fim do ano passado e no início deste ano.
As altas de produtos e serviços de alimentação e bebidas (0,60%) e de saúde (1,02%) foram os grandes responsáveis pela alta no quarto mês do ano: o primeiro, por causa da elevação de alguns itens básicos [tabela 3] e o segundo, por reajustes dos anti-inflamatórios e antirreumáticos (4,1%) ou dos hormônios (2,9%), além dos psicotrópicos e anorexígenos (2,7%), que têm impacto maior entre classes mais baixas.
O grupo de vestuário, por sua vez, também ficou mais inflacionado, em abril (1,39%), resultados iniciais da troca de coleções por causa da chegada das estações frias do ano. Foi assim que a calça comprida masculina ficou 2,9% mais cara, por exemplo, enquanto a feminina registrou elevação de 2,3% — e as blusas, de 2,1%.
Apenas dois grupos de consumo ficaram, em média, mais baratos no mês — educação (-0,06%) e habitação (-0,05%). Este último, porém, deve subir no indicador de maio, por causa da mudança da bandeira tarifária da conta de energia elétrica, de verde para amarela, que encarecerá o preço para o consumidor. Esse item tem grande peso no cômputo da CVCS.
Famílias de renda mais baixa sentem efeitos no acumulado de 12 meses
Tão relevante quanto é o fato de que, como sempre, o custo de vida tem ficado cada vez maior para as famílias mais pobres [tabela 2]. Em 12 meses, para se ter ideia, a variação foi de 6,74%, para a Classe E, e de 6,73%, para a D, mas foi de apenas 5,82% para a Classe A. Isso acontece porque o orçamento das classes menos abastadas é mais sujeito às variações de itens básicos, como alimentação, além de combustíveis.
Esse fenômeno, porém, se inverteu em abril. As famílias de renda mais alta sentiram um aumento maior no custo de vida do que as mais classes mais baixas, uma vez que os grupos de consumo que mais pesam no orçamento dos mais ricos registraram aumentos expressivos no mês, como transporte (6,5%) e alimentação fora do domicílio (0,62%).
Tomate mais caro no mês, café explode no ano
O tomate foi o grande vilão dos preços dos alimentos no quarto mês do ano. O item, que faz parte da mesa da maioria dos brasileiros, subiu quase 20% [tabela 3]. Foi seguido, de longe, pela batata-inglesa (8,3%) e pela cebola (5%), que também compõem uma cesta básica comum nacional.
Essas elevações ajudaram a puxar o grupo de consumo de alimentos e bebidas da CVCS, que tem peso significativo sobre o orçamento das faixas de renda mais baixas. Isso se deu tanto no consumo em domicílio quanto fora dele: refeições em bares e restaurantes obtiveram alta de 0,6%, por exemplo, enquanto os lanches vendidos na rua subiram 2,3%.
No acumulado dos últimos 12 meses, porém, o grande vilão é o café, que já está 65% mais caro do que há um ano. Na sequência, alho (21,5%) e brócolis (12,11%), itens que, com isso, vão se tornando cada vez mais raros na mesa das famílias mais pobres. No geral, os alimentos estão 8,63% mais caros — patamar mais alto do indicador desde fevereiro de 2023. Só em 2025, o grupo acumula inflação de 2,39% na RMSP.
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