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30/05/2025Carta de Conjuntura do CSESP da FecomercioSP: trapalhadas de Trump devem fazer dólar se desvalorizar
Brasil aproveitaria melhor o contexto se fizesse um forte ajuste fiscal, observa conselho
As medidas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que estão culminando na chamada guerra comercial entre diversos players relevantes do mercado mundial — como China e União Europeia —, terão, dentre seus efeitos, uma desvalorização do dólar.
Essa é a principal análise do Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio da sua Carta de Conjuntura de maio.
O documento, divulgado nesta quinta-feira (29), pode ser acessado aqui.
A desvalorização vai acontecer porque, internamente, o país convive com uma iminente crise fiscal, resultado da política de cortes de impostos adotada pelo novo governo sem contrapartidas que sustentem os gastos públicos. O resultado será inflação e, então, aumento dos juros básicos.
[GRÁFICO 1]
Variação do câmbio (2008–2015)
Fonte: Banco Central
Como a Casa Branca não parece disposta a fazer um ajuste nas contas, os juros altos vão impedir que o déficit estadunidense seja financiado com custos mais baixos. Em paralelo, os estímulos que Trump pretende dar aos vários setores produtivos vão pressionar um deles, em especial: os Serviços. A relação entre inflação e juros será perniciosa à potência do Norte.
Além disso, do ponto de vista externo, profundas incertezas causadas pelas medidas do presidente norte-americano têm impactado os mercados financeiros, os planos de longo prazo de muitos países e até alguns produtos do comércio internacional — do qual o dólar é a moeda em circulação.
Para o Brasil, assim como outros países emergentes, a desvalorização do dólar será uma grande oportunidade, já que facilita a flexibilização da política monetária, aliviando o processo inflacionário.
A Carta de Conjuntura de maio do Conselho Superior de Economia, Sociologia e Política ainda discute como a economia brasileira segue em ritmo aquecido, conforme provam os dados dos setores produtivos do primeiro trimestre. No entanto, a desaceleração do mercado de trabalho e o baixo investimento, além da produtividade — que permanece estagnada —, são riscos imediatos a esse cenário.