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Economia

Instabilidade econômica pressiona consumo dos paulistanos

Confiança do consumidor recua quase 15% em um ano, em razão do contexto macroeconômico desafiador

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Instabilidade econômica pressiona consumo dos paulistanos
O custo elevado do crédito está afetando diretamente as famílias nas compras financiadas de maior valor (Arte: TUTU)

O cenário econômico incerto tem afetado a confiança e o consumo dos paulistanos, com a alta da inflação e dos juros. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em julho, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) recuou 3,5% em relação a junho, registrando 108,9 pontos [gráfico 1] e a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) atingiu 105,1 pontos [gráfico 2], mantendo-se estável — ambos acima da linha do otimismo (100 pontos). 

[GRÁFICO 1]

Índice de Confiança do Consumidor (ICC)

Série histórica (13 meses)

Fonte: FecomercioSP

Já na comparação anual, o ICC teve uma retração de 14,7% — completando 12 meses consecutivos de queda —, refletindo tanto a percepção negativa no presente quanto o pessimismo quanto ao futuro e de 1% no ICF. Isso é um sinal de que, mesmo com a melhoria a curto prazo, os consumidores permanecem cautelosos.

[GRÁFICO 2]

Intenção de Consumo das Famílias (ICF)

Série Histórica (13 meses)

Fonte: FecomercioSP

Segundo a FecomercioSP, na conjuntura econômica marcada pela taxa básica de juros (Selic) elevada em 15%, pelo aumento do IOF sobre operações financeiras e pelas restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos, a recuperação da confiança do consumidor tende a ser gradual, principalmente com o Comércio sofrendo com custos operacionais altos, crédito restrito, juros elevados e demanda contida.

Perspectiva de consumo melhora, mas duráveis seguem em baixa

Dentre os sete subíndices que compõem o ICF, cinco apresentaram alta em julho, com destaque para perspectiva profissional (1,7%), momento para duráveis (1,7%), perspectiva de consumo (1,2%), nível de consumo atual (1%) e acesso ao crédito (0,5%). Já emprego atual (-0,8%) e renda atual (-0,6%) recuaram, indicando percepções de eventual instabilidade no mercado de trabalho e erosão do poder de compra [tabela 1].

[TABELA 1]

Intenção de Consumo das Famílias – variáveis

Fonte: FecomercioSP

O custo elevado do crédito está afetando diretamente as famílias nas compras financiadas de maior valor, como revela o dado de queda anual de 13,4% do indicador momento para duráveis — maior queda registrada —, permanecendo na zona de pessimismo (69,8 pontos).

Na análise por faixa de renda, os consumidores com rendimento superior a dez salários mínimos registraram queda mensal de 1,2% e queda anual de 4,2%, refletindo um padrão de consumo mais contido, influenciado pela conjuntura fiscal incerta. Mesmo com estabilidade de renda e acesso ao crédito, esse grupo demonstrou mais cautela, com destaque negativo para os subíndices relacionados a consumo imediato e compras financiadas. 

Já entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, o ICF avançou 1,2% no mês e ficou praticamente estável no ano (0,2%), sustentado principalmente pela melhoria na perspectiva profissional e no acesso ao crédito, impulsionado por políticas voltadas para o consumo popular.

Confiança em queda e poder de compra pressionado

Os subíndices que compõem o ICC registraram retração em julho. O Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) registrou queda de 4,8%, alcançando 102,7 pontos — nível próximo à zona de pessimismo. O Índice de Expectativas do Consumidor (IEC), por sua vez, sofreu queda de 2,7% no mês e de 15,9% em 12 meses, chegando a 113,1 pontos. Na análise por perfil, apenas as mulheres (1,6%) e os consumidores de 35 anos ou mais (3,2%) mostraram leve progresso na confiança.

Dentre os grupos, habitação apontou alta de 0,99% no mês, puxado pelo aumento na energia elétrica (2,96%), enquanto o grupo alimentação e bebidas apresentou leve deflação (-0,18%). Ainda assim, os juros elevados e a inflação persistentemente alta seguem corroendo o poder de compra das famílias, dificultando o acesso ao crédito e expandindo o nível de endividamento. Esse quadro amplia a dependência de linhas de crédito de curto prazo e evidencia a vulnerabilidade financeira diante de possíveis choques na economia.

[TABELA 2]

Índice de Confiança do Consumidor (renda, gênero e idade)

Fonte: FecomercioSP

Recomendações para os varejistas

De acordo com a FecomercioSP, em um contexto de consumo mais seletivo e cauteloso, o varejo ainda tem espaço para crescer, desde que adote uma postura estratégica e adaptável ao novo perfil do consumidor, sensível a preços e atento à relação entre custo e benefício. Aqui, a gestão eficiente de estoques e custos é fundamental, com ajuste do mix de produtos à demanda, redução de itens de baixo giro, renegociação com fornecedores e revisão de despesas fixas. Ao mesmo tempo, ações promocionais com alto valor percebido, como combos e descontos progressivos, aliadas a condições de pagamento acessíveis — incluindo parcelamentos via PIX Garantido ou carteiras digitais — contribuem para elevar o tíquete médio e facilitar a conversão.

O relacionamento com o cliente também deve ser fortalecido por meio de comunicação transparente, programas simples de fidelização, atendimento personalizado e presença ativa nas redes sociais. A digitalização e a multicanalidade ganham protagonismo, com integração entre canais de venda e atendimento híbrido focado na conveniência. Além disso, o uso estratégico de dados permite mapear comportamentos emergentes e adaptar rapidamente o sortimento conforme a sensibilidade da demanda. Por fim, o monitoramento de indicadores econômicos — como inflação, juros, ICC e ICF — deve embasar o planejamento comercial, especialmente em datas-chave do segundo semestre, como Dia dos Pais, Black Friday e Natal.

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