Economia
20/08/2025Inteligência Artificial aplicada à logística amplia produtividade, segurança e sustentabilidade, beneficiando o e-commerce
Automação e roteirização inteligente reduzem custos, melhoram a experiência do consumidor e abrem novas oportunidades para o setor

O avanço do e-commerce está impulsionando a demanda por entregas mais rápidas, rastreáveis e seguras. Nessa conjuntura dinâmica, a aplicação de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) se mostra cada vez mais necessária para modernizar a logística e aprimorar a experiência do consumidor. Esse movimento é especialmente relevante para empresas de pequeno e médio portes, que lidam com mais adversidades para se manterem competitivas nessa economia em constante transformação.
O Mapa da Logística, estudo produzido pela Loggi, mostra que, no segundo trimestre deste ano, 47% das entregas foram realizadas em até dois dias (média nacional) e 60%, em até três. Esses números ilustram a crescente expectativa dos consumidores por agilidade e eficiência nas entregas, o que torna fundamental o investimento em soluções tecnológicas que otimizem toda a cadeia logística. Ressalta-se que 40% da origem dessas demandas têm como base as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), o que amplia a urgência de digitalização.
Com a IA, é possível aperfeiçoar rotas e encolher distâncias, custos e impactos ambientais. A Loggi estima que o uso da tecnologia aplicada à organização de entregas resultou em uma redução de 1,67 milhão de quilômetros rodados no País, nos últimos 12 meses. A companhia desenvolveu uma ferramenta que leva em consideração variáveis como trânsito, condições climáticas e volume de entregas. Com base nesses dados, o algoritmo define quantos pacotes devem ser alocados em cada veículo e a melhor forma de distribuição das cargas.
Também é possível analisar os custos por envio, a densidade dessas entregas e o tamanho das estruturas das agências, além de simular a melhor composição regional. Isso aumenta a quantidade de agrupamentos ou regiões, concentrando os despachos mais próximos e reduzindo em mais de 20% a distância média entre essas localidades.
Diego Cançado, vice-presidente de Produtos e Tecnologia da Loggi, explica que o objetivo é reduzir ao máximo a distância percorrida e os tempos de trajeto e de parada em cada ponto. Segundo ele, quanto menor o percurso, mais entregas podem ser feitas com menos veículos, o que reduz o consumo de combustível e os custos operacionais. “Reduzimos quase 25% da quilometragem só com essa inteligência e toda essa organização”, afirmou, durante reunião do Conselho de Economia Digital e Inovação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomercioSP), realizada na última sexta-feira (15), que discutiu como a automação, a IA e a roteirização inteligente estão otimizando a experiência do cliente e abrindo novas oportunidades para o varejo.
IA traz mais sustentabilidade, eficiência e segurança
Além da redução de custos, o impacto ambiental também é uma vantagem. Segundo dados da empresa, o uso da IA para organização das entregas por proximidade e otimização de rotas contribuiu para a redução de 7 mil toneladas de dióxido de carbono (CO₂) emitidas na atmosfera no último ano — um exemplo prático de como a tecnologia pode ser aliada da sustentabilidade e reforçar as práticas ESG no varejo, principalmente num contexto de aceleração das mudanças climáticas.
Além da aplicação na roteirização e no zoneamento, Cançado enfatizou que a ferramenta também tem sido amplamente utilizada para melhorar a qualidade do atendimento ao cliente e garantir a segurança da logística. Com uma arquitetura baseada em múltiplos agentes de IA, atualmente 77% dos atendimentos da Loggi são realizados sem a necessidade de intervenção humana.
Ele explicou que a empresa implementou uma arquitetura em que o atendimento começa sempre pela IA, com a possibilidade de o cliente ser direcionado a um atendente humano quando necessário. Ainda assim, a maior parte dos casos é resolvida diretamente pela tecnologia. De acordo com o executivo, o modelo alcançou 86% de satisfação dos usuários — índice superior ao registrado no atendimento tradicional. “Como respondemos para o usuário mais rápido, com menos etapas, a satisfação subiu”, comentou.
Ademais, a ferramenta permite realizar verificações de segurança, geolocalização, monitoramento em tempo real de entregadores e caminhões e emitir alertas automáticos em caso de desvios de rota ou irregularidades. Os sistemas também coletam evidências como coordenadas geográficas e fotos para validar as entregas, aumentando a confiabilidade. “Se alguns pacotes estão sendo entregues muito rapidamente, ou se alguma rota está desviando do caminho previsto, ou ainda se um pacote está sendo baixado em um local que não condiz com o endereço, os nossos sistemas já emitem alertas automaticamente.”
A empresa também implementou, recentemente, outras iniciativas baseadas em IA, como o projeto de Eficiência de Preço (Pricing Regions), que ajusta tarifas de acordo com a realidade regional. Dentre as ações previstas para o futuro próximo, destacam-se a automação de processos de qualificação e vendas, expansão do uso da ferramenta para previsão de demandas (forecasting) e otimização da malha logística.
Além dessas soluções, a Loggi também tem ampliado o acesso à logística inteligente. Já disponível em São Paulo, o serviço Flash Nacional — desenvolvido pela empresa em parceria com a Uber — agora também possibilita agendar coletas com abrangência nacional diretamente pelo aplicativo. Para pequenos negócios e pessoas físicas, que muitas vezes não contam com infraestrutura própria, uma das inovações é a possibilidade de enviar pacotes sem a necessidade de impressão das etiquetas. “Fizemos isso exatamente para facilitar a vida da pessoa física e dos pequenos negócios que não têm uma infraestrutura para operar em logística em larga escala”, comentou.
Agenda regulatória e entraves institucionais
Enquanto a inovação avança e amplia as possibilidades no segmento logístico, a FecomercioSP também acompanha as discussões regulatórias derivadas da transformação digital. Durante a reunião do conselho, além dos avanços em IA e automação, foram discutidas ainda atualizações sobre a regulamentação dos serviços de entrega, a agenda da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e temas de atenção do setor produtivo, com o objetivo de evitar excessos que possam comprometer a inovação e o ambiente de negócios no País.
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