Economia
09/09/2025Maioria das empresas paulistanas ainda não usa IA, mas está interessada em saber como adotá-la, mostra pesquisa
Estudo da FecomercioSP aponta que falta de conhecimento é entrave; Loja do Futuro, projeto da Entidade em parceria com o Sebrae, avança nesse sentido

Mais da metade das empresas (58%) do varejo paulistano ainda não se vale de ferramentas de Inteligência Artificial (IA), tampouco tem planos para adotá-las nas operações a curto prazo. É o que revela um estudo com 300 negócios na capital paulista realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Isso acontece, sobretudo, porque o grosso desse ambiente empresarial ainda é formado por Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs), que, ao contrário dos negócios de maior porte, ainda estão incorporando essas tecnologias gradualmente.
Entre as MPMEs, por exemplo, o número daquelas que não utilizam a ferramenta sobe para 62,4% [tabela 1]. É por isso que, na leitura da FecomercioSP, é hora de disseminar mais informação e capacitação sobre as possibilidades que a tecnologia oferece. Em paralelo, é fundamental que haja uma regulação equilibrada que ofereça vantagens relevantes aos negócios.
Mas isso não significa falta de interesse: o estudo ainda revela que seis em cada dez empresas (57%) buscam informações recorrentes sobre a IA em vários canais — desde redes sociais (21%) até cursos online (13%), passando pelas consultorias (8,3%) [tabela 2]. Não é à toa, considerando que quase um terço (29,3%) dos ouvidos na pesquisa relata que o principal impasse na adoção dessas ferramentas é a falta de conhecimento [tabela 3].
[TABELA 1]
A sua empresa já utiliza alguma solução baseada em IA?
Fonte: FecomercioSPPLN EM ALTA
Como não poderia deixar de ser, as tecnologias de IA mais utilizadas — ou ao menos consideradas — pelos varejistas paulistanos são as do modelo de Processamento de Linguagem Natural (PLN), que geram conteúdo rápido a partir de comandos, como o ChatGPT, da OpenAI, ou o Copilot, da Microsoft. As ferramentas de PLN são citadas por 39% dos entrevistados, seguidos pelos chatbots ou assistentes virtuais (33%).
Esse fato se explica, sobretudo, pela acessibilidade desses instrumentos, que contam com versões gratuitas e são facilmente utilizadas no cotidiano.
[TABELA 2]
Onde a sua empresa costuma buscar informações ou apoio sobre IA?
Fonte: FecomercioSP
PEQUENAS E GRANDES
Os dados da FecomercioSP também ressaltam comportamentos bastante distintos entre pequenas e médias e as grandes empresas no uso da ferramenta. De um lado, as MPMEs ainda estão buscando meios de incorporar a tecnologia nas operações, enquanto as maiores já contam com estruturas mais sólidas.
É por isso que, se os negócios menores recorrem a conteúdo online sobre como usar as IAs, as grandes tendem a buscar ajuda de fornecedores de tecnologia (18%) e de consultorias especializadas (12%) nesse processo.
Há, porém, elementos compartilhados entre as empresas de todos os portes, como os custos elevados para adotar a IA, citados por 11,2% das pequenas e médias e por 14% das grandes; e a falta de conhecimento interno para implementar e usar as ferramentas (29,2% e 30%, respectivamente). Em compensação, as grandes têm mais tempo disponível para avançar nessa direção do que as pequenas [tabela 3].
[TABELA 3]
Qual é o principal desafio, hoje, para adotar ou ampliar o uso de IA?
Fonte: FecomercioSP
IMPACTO SOBRE O MERCADO DE TRABALHO
Quatro em cada dez empresas esperam que a IA promova uma transformação nas funções do mercado de trabalho, sobretudo exigindo novas habilidades. Esse movimento é ainda mais evidente entre as empresas maiores: 46% delas acreditam nessa mudança [tabela 4], número que é de 38,8% entre as MPMEs.
[TABELA 4]
Como você acredita que a IA impactará os empregos nos próximos cinco anos?
Fonte: FecomercioSP
A visão geral sobre a tecnologia, no entanto, é positiva — 43% dos empresários dizem que ela trará mais oportunidades de crescimento para pequenos e médios. Mas há diferenças nos portes, com as grandes mais otimistas do que as menores.
A expectativa é que esse efeito seja observado especialmente em áreas como Marketing e Vendas(47%) e Atendimento ao Cliente (25%). Entre os negócios maiores, existe mais percepção dos efeitos sobre processos logísticos (16%) e desenvolvimento de produtos (10%).
IA NÃO PODE SER IGNORADA
A FecomercioSP percebe que a aplicação da ferramenta no varejo revela um cenário típico de tecnologias emergentes. Há uma percepção do impacto, mas existem barreiras concretas à implementação, como desconhecimento técnico, falta de profissionais qualificados e custos altos. Contudo, o poder da tecnologia é inegável, pois transforma processos, acelera decisões, personaliza atendimento e automatiza tarefas rotineiras com velocidade e precisão impensáveis até poucos anos atrás.
É por isso que adotar as IAs de forma apressada e desestruturada não é o caminho adequado. Segundo a FecomercioSP, às vezes, entrar tardiamente nessa corrida pode representar uma oportunidade de lidar melhor com seus desafios, além de aproveitar soluções mais maduras, com menor custo e menos riscos.
Todavia, essa realidade pode ser ainda pior se os negócios não avançarem nessa transformação. Empresas que resistem a novas tecnologias tendem a perder espaço, relevância e conexão com os clientes — principalmente em mercados cada vez mais exigentes, digitais e personalizados. É por isso que se torna cada vez mais mandatório capacitar equipes, redesenhar processos e investir em conhecimento sobre IA.
LOJA DO FUTURO
A FecomercioSP tem forte atuação nesse sentido. Em parceria com o Sebrae, o projeto Loja do Futuro leva ao empresariado paulista elementos para fortalecer a gestão dos negócios e promover a digitalização, a inovação e o melhor acesso a mercados consumidores.
De março a outubro de 2024, o programa envolveu a participação de um total de mais de 3,2 mil empresas em cerca de 80 eventos de lançamento, realizados em parceria com os Sindicatos do Comércio Varejista locais. Desse total, mais de 1,8 mil empresas aderiram ao Loja do Futuro, com a previsão de obtenção de um aumento médio de 12,2% no faturamento.
O programa, inspirado em tendências das últimas edições de feiras como a NRF, em Nova York (EUA), e Euroshop, em Düsseldorf (Alemanha), prepara todos os varejistas para os desafios e as oportunidades do mercado atual. A iniciativa tem como foco a integração entre os canais físicos e digitais. Todo esse trabalho fica acessível em um material digital de apoio para o mundo virtual.
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