Economia
05/09/2025PIB cresce 0,4% no segundo trimestre, mas dá sinais de desaceleração
Serviços e consumo das famílias seguem sustentando a economia, mas investimentos recuam devido aos juros elevados

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 0,4% de maio a junho de 2025, resultado ligeiramente acima das expectativas do mercado. O desfecho confirma, entretanto, um movimento de desaceleração em relação ao crescimento de 1,3% registrado no primeiro trimestre. A economia começa a dar sinais mais claros de acomodação diante da combinação de juros altos, menor estímulo fiscal e um ambiente externo menos favorável.
Desempenho pela ótica da oferta
Os Serviços permaneceram como principal motor do crescimento, com expansão de 0,6% no trimestre. O setor segue beneficiado pela resiliência do mercado de trabalho e da demanda interna, com destaque para transportes, tecnologia e serviços financeiros. Já o Comércio se manteve praticamente estável.
A Indústria apresentou crescimento de 0,5%, mas com desempenho desigual entre os segmentos. As atividades extrativas avançaram 5,4%, impulsionadas pela alta na produção de petróleo e minério de ferro. Em contrapartida, a indústria de transformação recuou, pressionada pela queda na produção de bens duráveis e pelo custo elevado do crédito. A construção civil também registrou retração, refletindo os impactos negativos diretos da taxa Selic elevada.
Após o resultado excepcional do primeiro trimestre, quando colheu os frutos de uma supersafra, a Agropecuária caiu 0,1%.
Desempenho pela ótica da demanda
O consumo das famílias avançou 0,5% e continua sendo um dos pilares de sustentação da atividade econômica. Mesmo em um cenário de crédito caro, a recuperação da renda real, os programas sociais e a estabilidade no emprego têm contribuído para manter o mercado aquecido.
O dado mais preocupante veio dos Investimentos: a formação bruta de capital fixo recuou 2,2%, interrompendo a sequência de resultados positivos observados nos trimestres anteriores. A retração da produção de bens de capital e a desaceleração da construção civil explicam boa parte desse desempenho.
No setor Externo, as exportações cresceram 0,7%, enquanto as importações caíram 2,9%, garantindo contribuição líquida positiva ao PIB.
Perspectivas
O resultado do segundo trimestre mostra que a economia nacional ainda cresce, mas com sinais claros de perda de tração. Serviços e Consumo seguem sustentando o ritmo, mas os Investimentos e a Indústria já sentem de forma mais intensa os efeitos da política monetária restritiva.
Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o desafio nos próximos meses será equilibrar a manutenção do mercado com a necessidade de controle inflacionário em um cenário global que permanece instável. Nesse contexto, a Entidade reforça a importância da implementação de um programa consistente de ajuste fiscal, capaz de garantir previsibilidade e confiança para os investidores e os empresários.