Notamos que você possui
um ad-blocker ativo!

Para acessar todo o conteúdo dessa página (imagens, infográficos, tabelas), por favor, sugerimos que desabilite o recurso.

Editorial

Revisitando os conceitos da economia criativa

Ajustar texto A+A-

A aplicação dos conceitos da economia criativa—criatividade e inovação—a todos os segmentos econômicos e a qualquer tipo de organização foi a grande revolução preconizada, há oito anos, pelo Instituto da Economia Criativa com o apoio da FecomercioSP. É relevante o número de empresas que foram criadas na última década, em todo o mundo, baseadas em criatividade e inovação.

Prefiro a ideia de que iniciamos uma nova era—a da criatividade— para a qual concorrem inúmeros fatores.

São eles: a velocidade dos avanços tecnológicos e seu o impacto no comportamento e hábitos de consumo, aumento da produtividade e da competitividade gerados pelos novos conhecimentos e a quebra sistemática de hierarquias, seja na organização formal, seja nas cadeias produtivas e de fornecimento.

Contudo, a abordagem do conceito de “indústrias criativas” prevalece na gestão pública. O teatro, o cinema, o software, o design, a moda ou a arquitetura não foram inventados. Houve, de fato, o despertar da consciência— particularmente nos países desenvolvidos, coma liderança da Inglaterra—, de que os modelos econômicos da indústria já não eram sustentáveis diante da oferta equivalente de países emergentes, onde prevalece a oferta de mão-de-obra barata.

A única componente capaz de virar o jogo é a qualidade de talentos e práticas simples e saudáveis para endereçar novos negócios: criatividade, simplicidade, foco agilidade, entre outras

No caso da Inglaterra, o grande diferencial foi a seleção de segmentos nos quais havia muita competência e capacidade de geração de valor. Ninguém duvida da aptidão inglesa em áreas como teatro, literatura, rádio, TV e cinema. Pois bem, foram os segmentos incentivados. Por que, por exemplo, moda e não gastronomia? Essa é uma pergunta retórica para os ingleses.

Países em desenvolvimento, dentre eles o Brasil, levantam a bandeira da economia criativa dentro do mesmo critério inglês das “indústrias criativas”. Deixam de lado fatores críticos como qualidade e mercado. Porém, há duas perguntas-chave: (II) somos bons em tudo isso? (II) quem vai comprar?

Apalavra economia, quando utilizada no contexto de “economia criativa”, não está aí por acaso. Os recursos são escassos e devem ser direcionados para alavancar nossas competências básicas, ainda que seja comum no Brasil “patrocinar” projetos de baixo impacto social e econômico. Muitas vezes não estão dentro dos parâmetros de sustentabilidade, não geram inovação e penduram mais uma conta no governo. É a perpetuação da irrelevância.

A era atual preconiza a inovação por meio da criatividade. O avanço tecnológico vai caminhar sempre muito a frente das necessidades da sociedade. Recursos financeiros, com reparos óbvios ao sistema financeiro brasileiro, são abundantes e baratos no mundo. A única componente capaz de virar o jogo é a qualidade de talentos e práticas muito simples e saudáveis para endereçar novos negócios: criatividade, simplicidade, foco, agilidade e capacidade de gestão e implementação.

Reconhecendo o papel e a relevância das universidades e sua responsabilidade em desenvolver o empreendedorismo, um novo movimento com foco na inovação está em curso no Conselho de Criatividade e Inovação da FecomercioSP: identificar de maneira antecipada potenciais perfis empreendedores, atuar fortemente na sua orientação, educação e desenvolvimento de estímulo aos novos empreendimentos. O número, ainda pequeno de negócios de alto impacto, nos diz em alto e bom som que esse é o caminho.

Adolfo Menezes Melito é presidente do Conselho de Criatividade e Inovação da FecomercioSP.

Artigo publicado o jornal Brasil Econômico em 11/04/14, pág. 31.

Fechar (X)